A nutrição dos peixes ornamentais.
Desde que
o homem começou a criar peixes em reservatórios, ele tem se esforçado para
prover estes com as melhores condições de sobrevida e desenvolvimento. Ir ao
encontro das necessidades nutricionais de todas as espécies de peixes mantidas
em criatórios, considerando o fato de que estas podem ser herbívoras, omnívoras
ou carnívoras, tem sido uma das maiores façanhas da piscicultura nas últimas
décadas. Os peixes são um grupo de animais muito diverso, e conseguir
satisfazer os requerimentos nutricionais de cada espécie com valor comercial, é
realmente um grande desafio. Os aquaristas ao redor do mundo têm sido
informados pelos tão renomados "especialistas" em nutrição animal
aquática, de que não existe um único alimento capaz de satisfazer todos os requerimentos
nutricionais dos peixes ornamentais, e como tal promovem a recomendação da dieta
variada como a melhor maneira de assegurar que tais necessidades sejam
totalmente atendidas. O que acontece na realidade é que, substituindo um
produto alimentar deficiente por outro igualmente incompleto sob o ponto de
vista nutricional, não se resolve a questão alimentar dos peixes em manutenção
ou criação. É sem dúvida muito melhor contar com um único produto, que
contenha toda a variedade de nutrientes necessários para cobrir todas as
necessidades nutricionais dos peixes.
Temos
assistido nos últimos 25 anos a grandes mudanças na indústria alimentícia de
animais domésticos, cujo exemplo maior seriam os cães e os gatos, com inúmeras
marcas de rações sendo usadas pelos donos e criadores destes animais. Algumas
destas rações secas são comercializadas como dietas holísticas, com algumas
marcas oferecendo fórmulas à base de vegetais, que contêm até ervas medicinais
e tonificantes. Estas formulações de alta qualidade oferecem uma nutrição
completa e balanceada, e a maioria dos donos as fornecem com exclusividade e
durante todo o período de vida de seus animais de estimação. Os cães e os gatos
alimentados desta maneira são muito mais saudáveis, vivem mais tempo e com
muito menos doenças, e muito desta melhoria de condições se deve a uma dieta
completa e balanceada que o fornecimento único de rações tem realizado. No
entanto, se perguntarmos a este mesmo dono de cachorros como ele alimenta os
peixes do seu aquário, provavelmente ele nos mostrará alguns potes de ração
seca floculada e/ou granulada, outros pacotes de comida liofilizada, bandejas
de alimentos congelados no freezer ... como o Mr. Spock diria no seriado
Jornada nas Estrelas, "isto é altamente ilógico".
Alimentos comerciais para peixes.
Os
avanços científicos através do século XX permitiram também que se mantivessem
peixes em aquários com mais facilidade e conveniência do que nunca tinha
acontecido, apesar de alguns segmentos da indústria de alimentação de peixes
terem estacionado há mais ou menos trinta anos atrás, quando parecia que não
haveria mais perspectivas de evolução e melhoramentos. Estima-se que haja em
torno de 60 milhões de aquaristas em todo o mundo, mas o assunto da nutrição de
peixes continua sendo o aspecto mais mal compreendido de todas as facetas da
manutenção e criação destes animais aquáticos, com todas as mentiras, mitos e
falácias sendo regurgitados repetidamente de tal maneira que alguns destes
passaram a ser aceitos como fatos e verdades. A nutrição dos peixes mantidos em
aquários e tanques é um dos aspectos mais importantes da manutenção de muitas
espécies vivas em cativeiro, e no entanto é uma das menos discutidas e
compreendidas na atualidade. Os aquaristas de uma maneira geral gastam centenas
ou milhares de dólares em equipamentos para seus aquários, mas quando se trata
de determinar qual a melhor dieta que deverão usar para seus peixes,
normalmente seguem a tendência geral de utilizar uma alimentação variada
preconizada por seus amigos, ou escolhem o tipo de alimento conforme a figura
da espécie de peixe fotografada no rótulo. É claro que um pote de ração com a
figura de um Paracanthurus hepatus (Tang azul real, peixe
ornamental marinho) no rótulo deve conter alimento adequado para esta espécie,
correto? Bem, talvez sim, mas pode ser que não também.
Conhecendo os rótulos.
Este
assunto parece causar muita confusão na cabeça dos aquaristas, de maneira que
se torna necessário abordá-lo neste artigo. Na sua maior parte a indústria de
rações é auto-regulada, o que quer dizer que se torna fácil manipular uma lista
de ingredientes para se favorecer o próprio produto. Por exemplo, se o teor de
cinzas é muito alto na ração, a maneira mais fácil de o fabricante contornar o
problema é simplesmente não mencionar este parâmetro no rótulo. O teor de
cinzas de uma ração vem dos ossos, conchas e escamas dos animais marinhos
utilizados na ração, que possuem altas concentrações de cálcio e fósforo; de
uma certa maneira, esse teor é inevitável. Mas a cinza proveniente dos minerais
de ingredientes crus como as algas Kelp e Spirulina, apesar de benéficos, devem
ser limitados. Se uma quantidade excessiva for usada, pode ter um efeito
negativo, pois os peixes conseguem assimilar tanto conteúdo mineral que depois
o expelem para o ambiente, poluindo a água do aquário ou tanque. Um fabricante
de ração menos escrupuloso pode usar pouquíssima quantidade de um ingrediente
cru como a alga Spirulina , mas colorir artificialmente a sua ração com uma
anilina verde, e promovê-la como uma ração à base desta alga microscópica
recomendada específicamente para peixes herbívoros. Mas se o aquarista ler o
rótulo cuidadosamente, em alguns casos poderá descobrir que a ração fabricada
para peixes herbívoros na verdade é baseada em muita farinha de peixe, e que
contem muito pouca alga ou matéria vegetal, e em vez disto possui muito
"enchimento" como milho, farelo, batata, etc.
O
fabricante pode listar lagosta e siri nos seus ingredientes para dar um
significado de qualidade, mas na realidade trata-se apenas das partes não
aproveitáveis destes animais. Ele pode também listar muitas espécies de peixes
que fazem parte da farinha, mas a farinha de peixe continua sendo um
ingrediente único; explicando, se usamos 500 Kgs de farinha de peixe por
tonelada de ração, não importa de quantas espécies de peixes essa farinha é
constituída, pois elas continuam fazendo parte de uma única farinha de peixe, e
no final são os mesmos 500 Kgs de farinha de peixe por tonelada de ração. E o
segundo ou o terceiro ingrediente costuma ser o agente ligante, como a farinha
de trigo, por exemplo. Muitos aquaristas desavisados lêem muitas espécies de
peixes na listagem de ingredientes, seguidos por farinha de trigo, e são
levados a acreditar que esta ração em particular deve possuir uma alta
concentração de proteína de peixe e pouco ingrediente ligante. Na verdade
trata-se de mais uma ração genérica à base de farinha de peixe. Todos as rações
aquáticas necessitam de um agente ligante de qualidade, senão seus ingredientes
se dissolverão rápidamente quando imersos na água. Rações de qualidade usam
um máximo de 25% de liga (substância, agente ligante), enquanto que rações de
qualidade inferior podem possuir até 50% de farinha ligante.
Pode
haver também uma grande amplitude de opções de utilização dos nutrientes nas
diversas categorias de ingredientes usados. Assim, farinha de camarão é
típicamente constituída das cabeças e cascas destes crustáceos, e muitas
farinhas de peixe são constituídas dos restos do processamento das indústrias de
sardinhas, por exemplo. No entanto, lamentamos informar que uma ração de
alta qualidade usa nada mais nada menos que os peixes por inteiro, como Krill,
mexilhões, arenques, etc., e não os desperdícios das indústrias de
processamento.
"A prova do pudim é feita ao comê-lo".
É
possível que uma das principais razões pelas quais a dieta variada tem
sido promovida por todos esses anos, seja devido ao fato de que até à década
passada a maior parte das rações comerciais não conseguiam fornecer uma
nutrição completa? Ou os lucros e a política têm um papel preponderante nesta
filosofia há longo tempo sustentada? A maioria das revistas e periódicos do
ramo da aquariofilia são voltadas para a difusão sobre a manutenção ideal de
peixes, e fornecem assim um bom serviço de assistência aos aquaristas, mas por
causa dos anúncios dos fabricantes e dos fundos que sustentam este tipo de
publicações, elas não podem publicar estudos comparativos sobre o desempenho
das diversas rações existentes no mercado.
Cremos
que a maioria dos aquaristas, no entanto, gostaria de ver o resultado de um
experimento controlado onde se estudasse o desempenho das principais rações
"top of the line" existentes no mercado. Bem, este tipo de
estudos têm sido feitos. Em 2002, um estudo aprofundado foi realizado em cerca
de 33 tipos de rações mais conceituadas no mercado, por um grupo de
veterinários de Cingapura. Novamente em Fevereiro de 2007 o colégio Sparsholt
da Grã-Bretanha completou um experimento nutricional com ciclídeos do lago
Malawi, mas infelizmente todos estes estudos e principalmente o resultado deles
obtido não foi divulgado, devido à política dos interesses envolvidos.
Acreditamos por isso que cada aquarista deve levar a efeito seus próprios
testes, por mais que não sigam os parâmetros extremamente controlados e rígidos
dos experimentos científicos. Parece-nos a única maneira de o aquarista achar
seus próprios resultados e compartilhá-los com outros entusiastas do hobby,
para se promover enfim o assunto há tão longo tempo negligenciado da nutrição
dos peixes. Chegue à sua própria conclusão, em vez de ficar regurgitando o que
os fabricantes defendem. Não devemos isto aos nossos hóspedes aquáticos, quer
dizer, não devemos proporcionar aos nossos peixes uma vida longa e saudável?
Em 1996, quando
publicamos o livro "Marine Aquarium Companion" ,
considerávamos certas espécies de peixes marinhos, como o peixe-escorpião por
exemplo (Pterois sp.), condenadas à morte quando mantidas no
confinamento do aquário, devido à sua dieta especializada no meio ambiente
marinho natural. Àquela época achávamos que nenhum alimento artificial poderia
manter as espécies marinhas mais delicadas a longo prazo, e que o
peixe-escorpião era uma espécie pacífica de peixe! Logo descobrimos que
qualquer peixe à beira da morte tem um comportamento forçosamente pacífico. Na
verdade, um peixe-escorpião saudável e que está prosperando é um animal
bastante agressivo, e logo descobriríamos isto quando conseguimos formular a
ração adequada para esta e outras espécies marinhas similares.
Carboidratos.
Lipídios: quanto é demais?
Digestibilidade.
Anti-oxidantes e porquê eles são necessários.
Hormônios.
Flocos versus grânulos.
Matéria vegetal e Espirulina.
Alimentos vivos, congelados e coração de boi.
Arraçoamento.
Outros nutrientes importantes.
Proteína:
os blocos de construção.
Muitos hobby stas se ligam nas porcentagens de proteínas mostradas nos rótulos das
embalagens de rações, sem entenderem de verdade o que esses números significam.
Por exemplo, o nível de porcentagem de proteína não informa nada sobre a
qualidade dessa proteína. O valor da proteína está diretamente relacionado ao
conteúdo de aminoácidos, como a Arginina, a Histidina, a Isoleucina, a Leucina,
a Lisina, a Metionina, a Fenilalanina, a Treonina, o Triptofano, e a Valina,
que essencialmente são os blocos de construção das proteínas, para os músculos
e o crescimento. A porcentagem da proteína mostrada no rótulo não nos diz como
a proteína foi processada, ou mesmo se ela se encontra sob uma forma que o
peixe possa prontamente digerir e utilizar. A não ser que a proteína contida na
ração possa ser totalmente digerida pelos peixes, o nível de porcentagem da
proteína crua no rótulo não terá nenhum significado.
Proteína
de alta qualidade que é facilmente digerida pelos peixes nunca causa problemas
gastrointestinais, não importa se aqueles são herbívoros, omnívoros ou
carnívoros. A proteína em excesso é na sua maior parte excretada como
desperdício. A ideia difundida de que o excesso de proteína causa inchaço
abdominal ou qualquer outro tipo de problemas gastrointestinais, é totalmente
imprecisa. Proteína de baixa qualidade, ou outros ingredientes difíceis de
digerir é que normalmente são os causadores de problemas gástricos nos peixes.
Os aquaristas que mantêm peixes carnívoros querem o maior teor de proteína na
ração que puderem encontrar, e aqueles que mantêm herbívoros parecem querer o
menor, e nenhum deles parece entender os princípios básicos envolvidos. O nosso
conselho é que se deve esquecer os números encontrados nos rótulos, e
concentrar-se na qualidade da proteína.
Os
ingredientes listados no rótulo da embalagem da ração deverão ser a primeira
consideração sobre a qualidade do conteúdo de proteína. Deve-se evitar aqueles
que contêm muito grão como farelo de trigo, milho, farinhas vegetais, batata,
ou soja, como primeiros ingredientes listados, uma vez que estes costumam ser
os mais prevalentes. Procurar, em vez disto, por ingredientes de alta
qualidade, como proteínas derivadas de arenque inteiro, Kill mexilhão e lula,
como sendo os primeiros itens da lista.
Muita
gente pensa que a farinha de peixe seja uma fonte fraca de proteínas, mas isto
não é verdade. A farinha de peixe é utilizada na indústria alimentar animal
numa infinidade de aplicações que incluem rações para animais de estimação,
aves e concentrados proteicos sendo uma excelente fonte de proteínas rica em
aminoácidos essenciais, ácidos graxos e vitaminas e minerais. Farinha de peixe
de alta qualidade é obtida a partir do processamento de peixes inteiros, como o
arenque, e não de sub-produtos da moagem dos restos da indústria pesqueira.
Este último tipo de farinha de peixe costuma perder a qualidade ao longo do
tempo, e como geralmente é constituída de restos de cabeças, escamas e
espinhas, costuma fornecer um excessivo conteúdo de cinzas à ração. Alguns
rótulos de rações simplesmente nem listam o conteúdo de cinzas. Obviamente que
é muito mais barato para um fabricante de rações usar este tipo de ingrediente
cru do que uma fonte de proteína de alta qualidade como o Kill sul-antártico,
arenque inteiro, mexilhões ou lulas. Se a farinha de peixe não está listada
como ingrediente principal e o conteúdo de cinza é menor do que 9%, normalmente
indica que muita soja, glúten de milho ou farinha de sangue estão sendo utilizados.
Apesar de algumas espécies de peixes como a carpa japonesa decorativa
(nishikigoi) conseguirem assimilar grandes quantidades de soja e glúten de
milho, a maior parte das espécies de peixes tropicais ornamentais não consegue
isto, e a farinha de sangue, apesar de ter um nível alto de proteína, é pobre
em muitos aminoácidos essenciais.
Carboidratos.
Os peixes
não usam carboidratos de maneira muito eficiente, e em rações de qualidade
eles são usados mais como agente ligante durante o processo de manufatura. Sem
farinha de algum grão a ração simplesmente se desfaz na água. Devido ao fato de
que os carboidratos são uma fonte barata de energia nas rações, algumas
fórmulas utilizam grandes quantidades deste tipo de nutriente para baratear os
custos. A lógica usada é: se é mais barato, porque não usar? As farinhas de
grãos têm o seu lugar nas rações para peixes, servindo como substâncias
ligantes e ajudando na síntese dos lipídios e proteínas. Todavia, se
quantidades excessivas forem usadas, os peixes podem estocar como gordura em
seus organismos, ou podem aumentar a quantidade de desperdício sólido expelido.
Isto leva a uma poluição excessiva sendo adicionada ao aquário ou tanque. Os
produtos derivados dos grãos também são muito difíceis de digerir em muitas
espécies de peixes, e quando usados em excesso podem causar problemas
gastrointestinais devido à digestibilidade e absorção deficientes.
Consequentemente, as bactérias patogênicas começam a se multiplicar no trato
intestinal, dobrando de número populacional a cada vinte minutos, resultando no
entumescimento (inchaço) abdominal. Na maioria dos casos esta condição é
extremamente contagiosa e o resultado final é quase sempre fatal.
Lipídios: quanto é demais?
Os
lipídios (gorduras - ácidos graxos ômega 3 e 6) são nutrientes altamente
energéticos que suprem aproximadamente duas vezes a energia que os carboidratos e as proteínas são capazes de fornecer, e tipicamente compreendem
cerca de 5 a 10% das dietas de peixes tropicais. Os lipídios também fornecem
ácidos graxos essenciais e servem como veículos de transporte para as vitaminas
lipo-solúveis.
Acúmulo
de gordura no fígado tem sido designado como um dos problemas metabólicos mais
comuns em peixes, e frequentemente causa a morte destes. A conexão entre
lipídios em excesso e a doença de acúmulo de gordura no fígado dos peixes tem
sido algo bem comum e conhecido na indústria da aquacultura por muitos anos. O
Departamento de Pesca e Ciências Aquáticas da Universidade da Flórida confirmou
recentemente esta tendência, num estudo que envolveu ciclídeos africanos como
sujeitos do experimento. Ainda assim a tendência recente em algumas rações para
peixes é usar níveis altos de gorduras na dieta, de maneira a substituir
parcialmente o nível de proteína. Apesar desta prática ajudar a reduzir custos
na formulação das rações, ela tem efeitos deletérios na saúde dos peixes, como
excessiva deposição de gordura no fígado destes animais. Na nossa opinião 5% de
lipídios na ração não é um nível de composição da dieta que vá de encontro a
todo o requerimento energético dos peixes, mas com esta taxa eles podem
compensar com a ingestão de proteína para compensar algum do dispêndio de
energia. Usando este nível de inserção de lipídios, não haverá em nenhum
momento gordura em excesso para ser metabolizada e depositada no fígado. É
preciso saber que existe uma grande diferença entre um peixe gordo, e um peixe
com tônus muscular.
Digestibilidade.
Se o
custo da ração é um ponto importante a considerar, e normalmente o é, precisamos
no entanto de prestar atenção ao fator conversão alimentar, o que a maioria dos
aquaristas não faz. Não se pode comparar rações apenas pelo seu preço, pois
isto é impossível de se fazer! Na maioria dos casos, a ração mais cara é na
verdade a melhor, por possuir ingredientes mais digeríveis e consequentemente
uma taxa de conversão alimentar bem menor (quantidade de ração fornecida versus
ganho de peso). Mesmo para o aquarista que possui apenas um ou dois aquários, a
economia pode ser substancial, entre uma ração de alta qualidade e de fácil
digestão e absorção, e outra que possui ingredientes de baixa qualidade e pouca
absorção. Muitos aquaristas podem até nem notar a diferença, mas quando se
começa a gerenciar dezenas ou centenas de tanques ou aquários, os restos dos
arraçoamentos freqüentes começam a ficar bem aparentes. Da mesma maneira, a
diferença de custo no total da ração utilizada ao longo de todo um ano pode ser
significativa.
Quando se
utiliza uma ração Premium de alta qualidade para se arraçoar os peixes, pode-se
ficar surpreso de quão pouca quantidade se utiliza dela para manter os peixes
em ótimas condições de saúde e crescimento.
Anti-oxidantes e porquê eles são necessários.
A simples
menção do assunto anti-oxidantes alimentares causa um acalorado debate entre os
mantenedores de peixes, especialmente quando o produto é a etoxiquina. Todo o
problema levantado à volta deste produto nasceu de um simples rumor, que
atingiu proporções de um mito urbano graças aos debates muitas vezes sem
conhecimento de causa nos chats de fóruns da Internet. A única razão pela qual
este produto preservativo foi questionado deu-se por causa de um experimento
realizado com ratos em 1987, no qual se forneceu a etoxiquina a estes animais a
um nível de dose de 5000 ppm, muito acima do permitido e recomendado nas rações
em geral. O resultado deste estudo sugeriu um potencial carcinogênico da
etoxiquina, e desde então este produto tem sido culpado de uma miríade de
problemas de origem nutricional, nenhum dos quais teve, no entanto, sua origem
comprovada no anti-oxidante. Considerando a larga utilização deste produto na
maioria das rações para animais de estimação, seria de se esperar que a esta
altura dos acontecimentos uma epidemia de câncer teria atingido toda a população
de cães, gatos, peixes e outros animais mantidos pelo homem. Não existe um
único caso documentado de que a etoxiquina, usada dentro dos limites aprovados
de inserção nas rações, tenha causado qualquer tipo de condição de doença a
longo prazo nos animais mencionados. O fato verdadeiro é que este único
anti-oxidante tem salvo as vidas de inúmeros tipos de Pets evitando que estes
sofram sérios problemas de envenenamento causados pelas gorduras potencialmente
rancificantes contidas nas rações.
Sem o
anti-oxidante, o óleo contido na ração piscícola ficaria rancificado em pouco
tempo. Os aquaristas devem saber que todos os produtos à base de peixe ou
farinha de peixe contêm etoxiquina. Não tem como fugir disto. Cada tipo de
alimento marinho como Krill, peixe, camarão, lula, etc., já vem com uma pequena
quantidade de etoxiquina, pois isto faz parte das leis e regulamentos da Guarda
Costeira dos Estados Unidos que requer que todos os barcos pesqueiros que
entram nos portos americanos apliquem este preservativo no seu produto de
pesca. Isto é obrigatório por lei, por questões sanitárias e de saúde pública,
para preservar o produto da pesca de rancificações. Assim, qualquer fabricante
de ração que utilize qualquer produto de origem marinha como ingrediente na sua
formulação, terá sempre alguma etoxiquina na análise final, mesmo que não
coloque deliberadamente este preservativo no seu produto manufaturado. Mas se
ainda assim o fabricante usar etoxiquina na confecção do seu alimento, não
existe nada de absolutamente errado neste procedimento: este anti-oxidante é um
produto aprovado pela FDA (Food and Drugs Administration) dos E.U.A.
para utilização em rações animais e para consumo humano, desde que na
formulação sua concentração não ultrapasse os 150 ppm.
Em Julho
de 1997, depois de saírem os resultados sobre o último estudo sobre a
etoxiquina, o Centro de Medicina Veterinária da FDA solicitou aos fabricantes
de rações para cães que reduzissem o nível do preservativo para 75 ppm,
para permitir uma margem de segurança maior às cadelas lactantes e seus
filhotes. Isto porque, uma vez que a cadela em lactação se alimenta 2 a 3 vezes
mais ao dia do que em condições de não-reprodução, qualquer aumento na ingestão
causa uma exposição proporcional a qualquer substância existente na ração. O
estudo mostrou que os níveis habituais de 150 ppm utilizados não tinham efeitos
adversos em condições de manutenção normais, mas que a redução para 75 ppm
criava uma margem adicional de segurança para as cadelas em lactação e seus
filhotes.
Até à
data, a FDA não encontrou qualquer evidência científica ou médica de que a
etoxiquiina, utilizada nos níveis adequados e permitidos, tem qualquer efeito
nocivo para a saúde do homem ou dos animais. Nenhuma reclamação documentada
também sobre este assunto veio parar aos seus arquivos, nem uma sequer. É
preciso ter em mente que qualquer substância pode advir tóxica em dosagens
altas, incluídas aqui as vitaminas lipo-solúveis. Nenhum nutricionista
recomendaria a eliminação completa das vitaminas A, B, D, E e K da dieta só
porque níveis altos destas podem ser tóxicos, apesar de ser exatamente este o
raciocínio das pessoas quando discutem sobre substâncias anti-oxidantes como a
etoxiquina. Quando usados em pequenas quantidades para prevenir a rancidez,
os preservativos anti-oxidantes são valiosos e importantes componentes da dieta.
Hormônios.
O uso de
hormônios masculinos (testosterona) é altamente ilegal nos U.S.A., e por boas
razões. O uso a longo prazo de esteróides nas rações tem estado associado a
deformações no esqueleto, susceptibilidade crescente a infecções, e a mudanças
patológicas no fígado, rins e trato digestivo dos peixes. Fêmeas que são
alimentadas com esteróides sexuais desenvolvem colorações tão ativas quanto as
dos machos de sua mesma espécie, e machos juvenis se colorem mais rápidamente
num estágio precoce ainda do seu desenvolvimento. Os efeitos deletérios destas
práticas surgem logo depois, quando se remove a dieta à base de hormônio: as
fêmeas perdem a cor exacerbada, advêm estéreis, e os machos perdem também a
coloração precoce e nunca mais a ganham de novo. Rações de alta qualidade para
peixes contêm realçadores naturais das cores encontrados na natureza, que
permitem aos peixes ganharem coloração máxima à medida que amadurecem. O objetivo
ideal para um fabricante de rações para peixes é imitar o que é encontrado na
natureza, e não inventar num tubo de ensaio.
A
variedade é o sabor da vida?
Os peixes
ficam monótonos quando são alimentados com um só tipo de comida? Quando se faz
esta pergunta aos aquaristas a maioria tende a responder em uníssono: "A
variedade é o sabor da vida" ou "Você gostaria de comer a mesma coisa
o tempo todo?" Estas são todas interjeições humanas. Se uma boa ração
consegue manter os peixes em condições de saúde e crescimento, isto não deve
ser nenhum problema. Os peixes são criaturas de hábito; eles não são capazes de
reações como ficarem "aborrecidos" ou entrarem em
"monotonia" só porque não recebem uma alimentação variada!
Os peixes
podem então prosperar com um só tipo de alimento? A resposta é sim! Os
peixes requerem uma dieta variada, mas se uma única ração é confeccionada a
partir de uma grande variedade de ingredientes de alta qualidade, a variedade
que os aquaristas procuram pode ser encontrada num único produto, numa única
formulação, numa única ração. Se um fabricante conseguir reunir todos os
ingredientes encontrados numa variedade de formulações diferentes, e criar uma
ração que contenha todos estes nutrientes num balanceamento apropriado, não é a
mesma coisa que fornecer aos peixes todos estes alimentos separadamente? Se
forem usados apenas ingredientes de primeira qualidade, na verdade esta ração
única pode ser muito melhor para a nutrição dos peixes. Este conceito tem sido
provado na aquacultura comercial de peixes de corte há cerca de um século: não
há nada de novo em se alimentar uma determinada espécie de peixe em cultivo com
uma dieta balanceada utilizando-se de uma única ração. O que a maioria dos
aquaristas deveria saber é que a indústria da aquacultura está por detrás de
todo o conhecimento desenvolvido pelos fabricantes de rações granuladas, e que
a ciência desenvolvida para aquela atividade foi a base para a confecção de
todas as rações floculadas e granuladas usadas para os peixes ornamentais. No
entanto, a maior parte desta pesquisa da aquacultura envolveu espécies de
peixes para o consumo humano; com a exceção da cor da carne de certas espécies
como o salmão, a truta e o camarão, a coloração geral dos peixes e a
longevidade destes nunca foi o principal objetivo destes estudos. Assim, as
rações desenvolvidas para os peixes ornamentais tropicais tiveram que assegurar
um baixo conteúdo em lipídios, uma alta concentração de proteína animal de
origem marinha, e uma variedade de ingredientes realçadores das cores, como o
Krill (Euphausia superba), a alga microscópica Spirulina (Spirulina
platensis), ou o pigmento natural Astaxantina (Haematococcus
pluvialis).
Flocos versus grânulos.
Qualquer
discussão que envolva ração para peixes necessita uma breve explicação sobre os
dois tipos básicos de alimento existentes: flocos e grânulos. Enquanto os
flocos foram o tipo de ração mais popular para os aquaristas nos últimos
cinqüenta anos, as operações comerciais de peixes ornamentais e de corte
aprenderam há muito tempo que os grânulos são a escolha superior para todas as
aplicações de arraçoamento. Os grânulos são preferidos em detrimento dos flocos
uma vez que eles são mais densos na sua composição, muito mais estáveis na
água, e gasta-se menos quantidade por volume no arraçoamento. Os flocos, por
serem finos e com mais superfície, absorvem água muito rápidamente, e lixiviam
nesta as vitaminas hidrossolúveis em um curto período de tempo. Alguns estudos
sugerem que uma vez que os flocos são jogados na água do aquário, a maior parte
das vitaminas hidrossolúveis (como a vitamina C) são lixiviadas dentro de 60 a
90 segundos. Para as espécies de peixes ornamentais de 2 a 7 cm de tamanho, os
grânulos são sem dúvida o melhor método de alimentação.
Matéria vegetal e Espirulina.
Nos anos
recentes a alga Espirulina foi promovida a plano de destaque, de tal modo que
não há aquarista ou fabricante de rações que não a recomende. Apesar desta
micro-alga ser mesmo um ingrediente cru de alta qualidade, e ter o seu lugar
garantido na maioria das aplicações alimentícias, ela possui um alto teor de
vitamina A e de minerais. Uma vez que a vitamina A é lipossolúvel, quantidades
excessivas podem causar intoxicação nos peixes. Enquanto que uma inclusão de 5
a 10% na ração aumenta a taxa de crescimento, com o bônus adicional de
avivar a cor azul nos peixes, quantidades de inclusão maiores colorem os peixes
artificialmente, e causam problemas de saúde relacionados à toxidez da vitamina
A. A maior parte das boas rações para peixes já contêm Espirulina suficiente, e
fornecer mais desta alga do que é requerida é no mínimo contra-producente.
A fibra
vem da matéria vegetal, e deve ser mantida a um nível razoável na ração. A não
ser que ações enzimáticas e bacterianas tomem lugar no trato intestinal, a
maior parte dos peixes não consegue digerir a celulose. A fibra tem um efeito
laxante no trato digestivo dos peixes, e muita quantidade dela causa diarreia
Esta por sua vez encurta o tempo de retenção e dificulta a absorção dos
nutrientes no intestino. A maior parte das vezes, muita quantidade de uma coisa
boa, pode ser uma coisa ruim.
Alimentos vivos, congelados e coração de boi.
Com a
maioria das espécies de peixes existe sempre o risco de mortalidade na
larvicultura, devido ao requerimento especial de presas vivas para as larvas
começarem a se alimentar. É por causa disto que os piscicultores usam náuplios
de artêmia salina, micro-vermes, etc., para fazerem com que as larvas adquiram
o reflexo de abocanharem alimento. As larvas alimentadas com náuplios de
artêmia salina possuem uma taxa de crescimento mais uniforme do que aquelas às
quais se fornece um alimento em pó seco, mas uma vez que estas passam das duas
semanas de idade, uma ração seca de alta qualidade ultrapassa em muitos casos o
desempenho das presas vivas. A maioria dos alimentos vivos podem aumentar
também o risco de se adicionar ao meio de cultura patógenos indesejáveis,
doenças e poluentes, como é o caso dos vermes Túbifex que além disto possuem
um alto teor de gordura que pode causar problemas de saúde nos peixes a médio
prazo.
A maioria
dos alimentos preparados e congelados (ração úmida) possui um alto teor de água
(80%), e o processo de congelamento faz com que as membranas das células dos
tecidos animais se rompam devido à contração e posterior expansão no
descongelamento. E quando este alimento é descongelado e "enxaguado"
com água corrente, muitos dos nutrientes se lixiviam e o que resta acaba sendo basicamente cascas com muito pouco valor nutricional. Os alimentos vivos e congelados
têm um lugar no mundo da manutenção de peixes, tão somente porque na realidade
algumas espécies em determinados estágios de desenvolvimento necessitam destes
para despertar em si o instinto de abocanhar os primeiros alimentos que se
mexem à sua frente ou que possuem um atrativo inicial bem suculento. Mas uma
vez que este comportamento esteja desenvolvido e estabelecido, a conversão do
peixe para uma ração seca e nutricionalmente completa deve ser a transição
natural, para assegurar a sua saúde geral e longevidade.
A carne
do coração de boi tem sido outro alimento popular entre os criadores de
acarás-disco, pois condiciona os reprodutores para a desova e faz os alevinos
crescerem também. Apesar deste alimento funcionar, pode também ser responsável
por um tempo de vida mais curto para os exemplares desta espécie de peixe, pois
os restos de carne de coração de boi têm o maior potencial para a poluição da
água do aquário ou tanque. Muitos criadores de discos na Ásia trocam a água de
suas baterias de reservatórios cerca de 2 a 3 vezes ao dia, para manter uma
qualidade satisfatória do meio aquático para os seus peixes. A razão porque os
discos são peixes muito difíceis de aceitar ração granulada, é porque desde
cedo os seus criadores utilizam coração de boi para alimentar os alevinos, e
os peixes são criaturas de hábito. Com algum esforço por parte do
mantenedor, os acarás-disco podem ser treinados a aceitar um alimento seco mais
limpo e nutricionalmente balanceado.
Estes
alimentos vivos e congelados funcionam então? Sim, e desde que o homem começou
a criar peixes, estes foram os primeiros a serem usados, mas muitas das rações
hoje existentes começaram a ficar disponíveis a apenas trinta anos atrás. As
rações comerciais evoluíram bastante nos anos recentes, e apesar do suplemento
da dieta de um peixe com alimentos vivos ou congelados poder ser considerado
uma variação quando se necessita realmente disso, o uso de uma ração seca
comercial de alta qualidade vai de encontro ao que o peixe necessita para um
ótimo crescimento, uma boa saúde, e a longevidade a cada dia. Enquanto que os
alimentos vivos e congelados podem funcionar a curto prazo, a longo prazo só a
ração seca consegue isto. A grande objeção que temos também a alimentar os
peixes com alimentos vivos e congelados em conjunto com a ração seca é que,
devido à diferença de palatabilidade entre os três tipos de comida, os peixes
sempre vão preferir os alimentos vivos e congelados em detrimento da ração
seca, mesmo que a longo prazo seja muito mais saudável que eles se alimentem
apenas desta última. Isto pode ser comparado às preferências das crianças
humanas, que preferem doces e bolos a uma refeição balanceada: é preciso
desencorajar este tipo de tendência que depende mais da satisfação dos sentidos
do que própriamente da necessidade de uma nutrição adequada.
Arraçoamento.
O ato de
alimentar os peixes parece ser fácil, mas na verdade é uma das coisas mais
difíceis de ensinar. Em nossos 35 anos de atividades no negócio da
piscicultura, raramente tivemos um empregado que soubesse alimentar
adequadamente na quantidade os peixes em criação e/ou manutenção. É necessário
ter a sensibilidade do quantitativo a ser fornecido, para não se alimentar
demais ou de menos. Na maioria das vezes é uma arte, tanto quanto é uma
ciência. A primeira regra de ouro é: na dúvida, sub-alimente. Se
necessário, você poderá sempre retificar a situação mais tarde, aumentando a
quantidade. Todavia, se você sobre-alimentar, poderá incorrer em problemas de
qualidade do meio aquático dificilmente corrigíveis.
Enquanto
que a grande maioria dos aquaristas costumam sobre-alimentar seus peixes,
também existem aqueles que sub-alimentam, a tal ponto que seus peixes parecem
contínuamente anoréxicos. Muitos aquaristas de recifes marinhos se enquadram
nesta última classificação, por causa da preocupação excessiva com os níveis de
nitrato e fosfato na água. Se os peixes estiverem gordos, deve-se simplesmente
segurar mais a ração e alimentar menos; se os peixes estiverem magros,
alimente-os mais. O aquarista deve saber que é ele que está no controle,
e não o peixe. Um peixe saudável sempre pedirá por comida, mas se este não
mostra interesse no alimento, o aquarista tem um problema. Ou o peixe está
doente, ou em condições de qualidade de água muito ruins.
Quando se
arraçoa com grânulos, o tamanho adequado destes é muito importante. Peixes
grandes conseguem ingerir grânulos pequenos, mas se os grânulos são muito
grandes para a boca dos peixes, eles normalmente os "cospem" de
volta, ou expelem uma grande porção do grânulo na coluna d'água enquanto
mastigam aquilo que conseguiram abocanhar. A chave é usar um grânulo que o
peixe consiga engolir inteiro. Se no aquário existe uma mistura de peixes de
tamanhos diferentes, pode-se misturar grânulos de tamanhos diferentes também
para assegurar que todos os peixes recebam sua cota de alimento.
Outro
erro freqüente cometido por alguns hobbystas é o pré-amolecimento dos grânulos
em água, na crença errônea de que isto ajuda na digestão e previne que os
grânulos inchem dentro do tubo digestivo dos peixes. Este é outro dos mitos
criados no mundo do aquarismo: as pessoas simplesmente não conhecem a
quantidade de enzimas e ácidos gástricos secretados pelos peixes em seus tubos
digestivos quando consomem alimento! Os duros grânulos rápidamente viram papa
em pouco tempo. Se uma ração causa problemas gastro-intestinais num peixe, isso
se deve aos ingredientes de baixas qualidade e digestão, como excesso de grãos
e sub-produtos destes. Quando se pré-amolece grânulos de ração em água,
perde-se os nutrientes e as vitaminas e minerais hidrossolúveis.
Outros nutrientes importantes.
Nos anos
recentes a vitamina C tem sido discutida extensivamente, enquanto outras de
papel vital foram esquecidas. Vitaminas como a A, a D2, a D3, a E, a K, a B6, a
B12, a Tiamina, a Riboflavina, o ácido Pantotênico, a Niacina, a Biotina, a
Colina, o Mioinositol, e minerais como o Cálcio, o Fósforo, o Magnésio, o
Sódio, o Potássio, o Cloro, o Ferro, o Cobre, Zinco, Manganês, Selênio e Iodo,
todos estes são elementos essenciais numa ração bem balanceada. Infelizmente
muitos aquaristas e mantenedores de peixes continuam desinformados sobre o
papel de todos estes elementos na dieta de seus peixes. Usando o mineral Cobre
como exemplo, muitas pessoas ainda não compreendem o papel deste elemento-traço
necessário a todos os seres vivos, incluindo os peixes. É um componente de
muitas enzimas e essencial para a atividade destas. Mesmo a água do mar contem
Cobre (apesar de algum sob a forma de sulfato de cobre), e apesar disto muitos
aquaristas ficam preocupados com a presença deste elemento na ração. Na água,
um nível de 0,8 ppm de Cu (cobre) é tóxico para a maioria dos peixes, mas
sulfato de cobre presente na ração pode ter a sua concentração tão alta quanto
700 a 1000 ppm, que o único efeito neste caso seria um retardamento no
crescimento. Toxidez causada pelo elemento Cobre, via rações comerciais, quando
apenas quantidades em traços são usadas, não representa nenhum problema para os
peixes, mesmo em espécies sensíveis de peixes de recifes de coral.
Alho é um
outro ingrediente-chave em rações de qualidade, e quando o nível adequado de
inclusão é usado, pode ter um papel importante na manutenção da saúde dos
peixes a longo prazo. Enquanto que este ingrediente pode ser utilizado para
aumentar a palatabilidade geral da ração, o seu objetivo principal são as suas
propriedades anti-parasíticas. Temos usado alho nas nossas rações há 15 anos, e
apesar de não termos efetuado nenhum experimento controlado para quantificarmos
os benefícios do seu uso, temos notado uma diminuição drástica dos surtos de
doenças em nossos viveiros de piscicultura. Desde que começamos a adicionar
alho em nossas rações granuladas, não tivemos mais um caso sequer da "Florida
Deep Well Disease" (doença nos peixes causada pelas bactérias
patogênicas dos gêneros Aeromonas e Pseudomonas sp.).
Ao longo dos últimos anos tem havido inúmeros estudos envolvendo o uso de alho
e da alicina, o princípio ativo do alho. Num desses estudos mais importantes,
descobriu-se que a inclusão de alho na ração, na taxa de 3%, aumenta a
digestibilidade geral da proteína, dos carbohidratos e das gorduras, ao mesmo
tempo que diminui a contagem de bactérias no intestino e nos músculos dos
peixes, e no meio aquático onde estes são mantidos. Os peixes em cuja dieta se
inclui o alho, aumentam também sua tolerância ao stress de manejo.
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